quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Outro Governador abaixo, mas, ainda, o Governo continua...

No mesmo dia que o DEM ameaça expulsar Paulo Octávio em 24 horas, e apesar de continuar sem sequer ameaça de prisão, P.O. pede desfiliação e em seqüência renuncia o cargo de Vice-Governador do GDF. Assume, portanto, o até então presidente da Câmara Legislativa Wilson Lima (PR), Arrudista descarado, que já havia recebido este cargo após a renúncia de Leonardo “Das Meias” Prudente (ex-DEM). Prudente renunciou do cargo de presidente da Câmara, note, mas não do cargo de Deputado Distrital. Ele, assim como todos os outros acusados, continua alegando sua inocência e segurando “nas abas de saias”, com havia dito antes, para se manter em seu cargo. A diferença agora é que as “saias” não são mais as de Paulo Octávio, mas de Wilson Lima, que, apesar de também ser acusado no mesmo esquema de corrupção que Paulo Octávio, ao contrário daquele, sorri com “o apoio do secretariado e... até da Câmara Legislativa”, conforme diz o Secretário de Transportes Alberto Fraga. Este continua: “Não vejo anormalidade no governo. Temos que nos unir contra esse golpe da intervenção.”

O governo zumbi que foi impossível para Paulo Octávio, portanto, continua sendo o sonho da politicagem Brasiliense, para quem a intervenção Federal soa cada vez mais como pesadelo. Wilson Lima já adotou a expressão que eu utilizei no dia que Arruda foi preso – ele disse a Folha “que está disposto a fazer ‘um sacrifício pessoal’ para garantir a governabilidade da capital federal e evitar uma intervenção da União.” Tudo indica que este “sacrifício” seria deixar de lado sua campanha por reeleição para continuar no cargo de Governador Interino até Janeiro, ou, putz, até um possível habeas corpus para Arruda antes de seu impeachment. Um impeachment que parece andar mais rápido agora que antes da renúncia de Paulo Octávio, pois, afinal, o governo zumbi agrega os interesses da politicagem Brasiliense toda, dês dos Deputados ex-DEM até os do PT-DF. O presidente em exercício da Câmara Legislativa após a ascensão de Wilson Lima ao Palácio do Buriti, Cabo Patrício (PT), indica com toda certeza seu objetivo: “A Câmara começa a tomar atitudes em função da pressão do Judiciário. Essa pressão fará os pedidos de impeachment andarem rápido. Os deputados precisam transformar em ação o discurso contra a intervenção.” Ou seja, vamos logo acabar com a possibilidade do retorno de Arruda para que não haja mais tanta motivação para intervenção Federal – que também causaria a dissolução da Câmara Legislativa – para que essa putaria que ainda está em Brasília siga governando. Afinal, o governo zumbi é como disse antes, “oposição” e “base aliada” se unem para evitar não perderem seus mandatos e desarticular seus planos de reeleição devido a intervenção Federal. De acordo com Cabo Patrício, “O PT é oposição mas não vai fazer cavalo de batalha com o governo,” pois, ora, Patrício mesmo é acusado de beneficiar a empresa do governista “Das Meias” Prudente!

Enquanto durar o governo zumbi de Wilson Lima, sua putrefação deve também afetar os órgãos e movimentos sociais que tem até então se posicionado como atores da desmancha do governo Demista. Afinal, o PT não entrará com um pedido de impeachment de mais um Governador – Wilson Lima nesse caso – que apesar de estar envolvido no mesmo esquema de corrupção dos dois anteriores a assombrarem o Palácio do Buriti, deixa um Petista na presidência da Câmara e as alternativas de intervenção Federal ou eleições extraordinárias indiretas por uma Câmara da qual são minoria. Nesta situação, é duvidoso se a OAB, a CUT, o PSB e o PCdoB, os outros impeachment-istas, teriam motivação para seguir naquela estratégia. Agora sem todas estas siglas, o que restaria para fazer oposição ao governo zumbi? Claro! O Movimento “popular” Fora Arruda, que se estendeu bagunçadamente para “Movimento Fora Arruda e P.O.”, e agora poderia vir a se chamar “Movimento Fora Arruda, P.O. e Wilson Lima.” Por que digo isso com tanto sarcasmo? Por que este movimento “popular” (que eu antes ignorei dizendo que “não havia um movimento popular” na derrubada de Arruda e pela construção de um novo modo de se governar) não é um agente de mudanças no DF, mas um mero seguidor de acontecimentos com protestos, conforme sua própria auto-caracterização por seus nomes – uma mera negação de Arruda, depois de Paulo Octávio, e agora nem está claro se terão coesão suficiente para fazer oposição à Wilson Lima. Veja quem integra este movimento – militantes do PSTU, PSOL e outras minorias que querem fazer uma oposição “esquerdista” ao Governo, mas nem adotam formas de ação inovadoras que pudessem afetar a governabilidade, nem recebem apoio popular no sentido de serem capazes de mobilizar as centenas de milhares de pessoas do Distrito Federal.

Com todo o nojo de dizer isso, seria até possível que um habeas corpus para Arruda pudesse vir em boa hora! Isso atiçaria um pouco mais a população, que poderia vir a realmente tornar popular o Movimento Fora Arruda. E a politicagem joga de mãos abertas! "A ordem é garantir a normalidade e, em conseqüência, a governabilidade e a não paralisia de qualquer órgão, de qualquer obras", disse o Secretário Fraga. Onde estão os elos fracos então? Onde estão os focos estratégicos para mobilização de massa e ações de oposição ao governo? Óbvio! Nas obras iniciadas por Arruda-P.O. que tem data marcada para a inauguração de Brasília e dedos sujos em todos seus orçamentos! Nos órgãos governamentais que compõe o governo fora da Câmara e do Palácio do Buriti e aonde sempre faltam verbas, desviadas para a própria Câmara e Buriti! Então se o PT e a CUT não são mais espaços aonde as trabalhadoras possam se organizar para fazer as greves nas obras e nos órgãos que deveriam estar se preparando para entrar em greve, e se o PSTU e o PSOL não tem a formação política para levar adiante ocupações destas obras e órgãos como deveriam fazer conforme sua mentalidade vanguardista, cabe a nós ter esperança que “o povo” em uma massificação do Movimento Fora Arruda pudesse tomar uma atitude de classe séria contra o governo.

Mas ainda existe muito medo e ignorância. Temos medo que isso “só agravaria a intervenção” e somos ignorantes das múltiplas possibilidades de democracia que poderíamos utilizar para mudar como organizar e governar a nós mesmos. Repito: atente a isto, pois esta é uma crucial falha nossa.

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